Os perigos que ameaçam as mulheres maduras em busca do amor

“SAPATINHOS VERMELHOS”

Lema: “Siga a estrada de tijolos amarelos”
Eu sou: mulher, 44 anos
Moro em: Tornado Alley, Kansas
Procuro: homem de 41 a 51 anos
Relacionamentos: divorciada; amizades terríveis com o Homem de Lata, o Espantalho e o Leão Covarde
Gosto de: chuva com trovoada, dançar, emoções, “crânios”
Não gosto de: viagens de poder, macacos

Quem eu sou e quem eu gostaria de conhecer: sei cantar, dançar e matar bruxas (é uma longa história). Sou uma pessoa divertida de se conviver (a menos que você conte os “flashbacks” de um antigo ferimento na cabeça). Gosto do cheiro de chuva, do som do vento nas árvores — e agora sei que, se ficar muito forte, vou para o abrigo antitempestade, com ou sem Totó. Quero conhecer alguém corajoso e confiante, e não como aquele Leão Covarde com quem me casei. Meu homem ideal deve gostar de cachorros e não se importar de morar com tio Henry e tia Emily”.

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Se a Dorothy de “O Mágico de Oz” fosse uma mulher de meia-idade divorciada procurando um relacionamento em 2005, não encontraria muita facilidade. Hoje, as mulheres solteiras –vamos ficar com as de mais de 40 anos– estão precisando arregaçar as mangas e abrir nossas próprias estradas de tijolos amarelos na busca de nossos Mágicos Maravilhosos.

Foram-se os dias em que podíamos conhecer homens em clubes noturnos, reuniões de igreja ou numa festa… Não podemos mais contar com os amigos ou com a família para nos arranjar um encontro às cegas com aquele ótimo sujeito disponível.

Esperar por um encontro casual não dá certo. Depois dos 40, não temos tempo nem vontade de esperar sentadas que alguém nos encontre.

Mas temos sorte em um sentido: o estigma negativo que já foi atribuído aos serviços de encontros –sussurros sobre “aquelas pobres mulheres solitárias que precisam de ajuda para encontrar namorados” –acabou, sendo substituído por: “Bem, de que outro jeito vamos conhecer homens?” Não nos gabamos disso, mas estamos dispostas a encarar.

Certamente ainda é possível encontrar um parceiro, mas prepare-se: é uma batalha. Veja quais são as maiores probabilidades de encontros na estrada de tijolos amarelos: homens de lata (sem coração), espantalhos (sem cérebro) e leões covarde (sem coragem). Acrescente um ou dois caixeiros-viajantes, porcos da fazenda, alguns macacos voadores, alguns gnomos e fumadores de maconha, e você terá o quadro.

Depois de alguns encontros assustadores, você poderá se pilhar cantando “Não há lugar melhor que a minha casa”. (Uma nota para os leitores homens: temos certeza de que vocês também têm histórias de terror –afinal, as Bruxas Más do Oeste são tão abundantes quanto os Macacos Assustadores.)

Assim, depois dos 40, apesar dos riscos, há necessidade de buscar ativamente um parceiro. Algumas razões (mas não todas):

Tendências:

Estatísticas de julho de 2002 do Centro de Controle de Doenças mostram que 54% das mulheres divorciadas voltam a se casar dentro de cinco anos –o que significa que 46% não se casam de novo.
É claro, leve em conta que muitas pessoas fazem uma opção consciente de não se casar novamente. Há mais pessoas vivendo sós do que nunca, segundo um estudo de 1999 da Universidade Rutgers. Mas isso não significa que haja mais pessoas disponíveis para namorar. Na metade dos 40 anos, muitas pessoas não casadas estão envolvidas em relacionamentos duradouros ou assumiram a solteirice.

As complexidades da vida e dos relacionamentos no século 21 talvez tenham convencido muitos(as) de que é simplesmente difícil demais encontrar um(a) companheiro(a) adequado(a).

Geografia:

Se você já foi casada, teve filhos e montou residência, provavelmente está rodeada de casas unifamiliares –a maioria delas com famílias: mamães, papais, crianças. Não é um terreno fértil para namoros. Também estamos tão estabelecidas em nossas vidas e nossas comunidades aos 40 anos que a maioria não teria vontade ou capacidade de se mudar para o Alasca e começar de novo com aquele cara ótimo com o qual conversamos no eHarmony.

Maternidade:

Já conheceu um homem solteiro de mais de 40 em uma igreja? Num jantar? Em atividades escolares? É possível, mas improvável. Os solteiros da minha igreja vão à missa, dizem olá para os colegas de seus filhos e seus pais e vão para casa. Os jantares geralmente são para casais e aquele vizinho solteiro “estranho”, e assim você acaba jogando Xbox com um menino de 12 anos a noite inteira.

A realidade da maioria das mães solteiras são noites de semana cheias de jantares, trabalho caseiro, hora do banho, ler e despencar na cama sozinhas, de olhos embaçados. Nossos fins de semana são preenchidos com limpar pasta de dente espirrada no espelho do banheiro, lavar roupa, preparar refeições, receber amigos dos filhos, fazer projetos de artesanato, ir ao parque e assistir ao “Galinho Chicken Little” pela quinta vez.

Bagagem emocional:

Qualquer uma que já foi casada (ou não) sabe tudo sobre isso. Não podemos escapar. Somos irritadiças, temerosas, emocionalmente agredidas e desconfiadas para depositar confiança em alguém só para ser dispensada como na primeira vez (ou segunda, ou terceira). É preciso ter muita força emocional para ir à luta de novo.

Como diz uma amiga minha, “Para que ter o trabalho?” Mas estar na meia-idade significa que você ainda tem a metade da vida pela frente. Se você quer passá-la com outra pessoal além de Totó e Glinda a Bruxa Boa, tome a iniciativa.

A maioria das opções é desanimadora e envolve uma autopromoção entediante, um ego forte e uma determinação inabalável. Pense nisso como um segundo emprego –só que não será tão divertido.

Entre as opções estão as paqueras online (como NamoroOnline.com, Match.com, eHarmony.com, Yahoo personals); classificados em jornais, hoje na maioria online; grupos em rede (SocialMonster, Tall Clubs International); serviços de encontros (8 Minute Dating); e grupos de jantares (Eight at Eight Dinner Club).

Vá em frente, entre no jogo da paquera, online ou não.

Uma pesquisa de fevereiro de 2005 da WeddingChannel.com descobriu que 12% dos casais noivos ou casados se conheceram pela rede. Mas não fique muito esperançosa. Enquanto não há estatísticas disponíveis para índices de sucesso por site ou serviço, basta perguntar para qualquer uma com mais de 40 anos que se aventurou nesses encontros. Os Mágicos de Oz são raros; a maioria dos que encontramos são magos bizarros.

Em qualquer idade, os encontros ruins são inevitáveis; não há como contorná-los. Depois dos 40, porém, eles ficam um pouco mais estranhos.

Mas não se assustem, garotas. No mínimo vocês terão uma boa história –como estas, colhidas entre mulheres de mais de 40.

Homens de lata:

Existem centenas de pessoas por aí sem coração. Se você tiver sorte, eles vão parar de se comunicar quando descobrirem que você não está a fim de uma farrinha rápida ou não tem milhões aplicados num fundo, com os quais vai comprar uma casa de praia no México.

Uma esperançosa da web foi encontrar um homem pela primeira vez numa cafeteira. Ele não apareceu e nunca mais respondeu às tentativas de contato posteriores, levando-a a acreditar que ele a viu, ficou decepcionado e foi embora. Desalmado.

Espantalhos:

Esses são fáceis de identificar. Um sujeito passou um encontro inteiro de três horas falando mal da ex-namorada. Pior ainda foi o homem que falou sem parar sobre sua mãe, admitindo que a consultava sobre tod
as as suas decisões. Próximo.

Um sujeito muito simpático cometeu um erro de dar detalhes demais sobre sua vida sexual com a ex-mulher. Outro homem, um viúvo, começou a mandar e-mails para uma mulher. Depois de uma semana ela perguntou: “Então, há quanto tempo isso aconteceu?” “Minha mulher morreu em março”, ele respondeu. “Então faz pouco mais de um ano?”, ela disse. “Não, duas semanas.”

Leões covardes:

Esses são os sujeitos que deixam de responder a manifestações de interesse ou mandam um e-mail e nunca mais, sem explicação. É o lado negativo do jogo da paquera, com certeza. As pessoas tornam-se descartáveis, e os “compradores” assumem a atitude calejada de que “sempre tem mais uma na próxima página”. Vista sua armadura de ego e prepare-se. Com sorte você encontrará alguém com boas intenções e maneiras, para começar.

Caixeiro-viajante:

Em seu primeiro encontro, um homem de 48 anos falou a uma mulher sobre seu problema cardíaco, que segundo os médicos o mataria dentro de um ano e meio. No segundo encontro ele recusou comida picante por causa de uma diverticulite aguda. No terceiro ela soube que ele tinha pólipos nasais.

No quarto, os primeiros sinais de síndrome de Tourette. Nada disso a incomodou muito. Mas isto sim: ele expressava seu amor eterno num dia e desaparecia por cinco. Depois que ele faltou a vários encontros –numa das vezes para “ajudar” uma antiga namorada–, ela falou sobre questões de compromisso (ou que ele estava escondendo alguma coisa) e seguiu em frente.

Porcos no curral:

Há muitos desses sujeitos que só estão interessados em uma coisa (não a sua opinião sobre o processo de paz no Oriente Médio). Um deles ficou perguntando para uma mulher se suas pernas eram macias. Finalmente ela respondeu: “Bem, acho que são macias, mas, melhor ainda, eu tenho uma cabeça ótima”. Nunca mais ouviu falar dele.

Uma colega de trabalho certa vez conheceu na rede um psicoterapeuta que se interessava por mitologia e simbolismo. Eles foram a uma livraria e pararam na seção de arte indiana, onde havia livros com imagens de sexo tântrico. Ele falou sobre o rico simbolismo do órgão masculino. Fora da loja, começou a falar obscenidades. As pessoas olhavam enquanto ele discutia em voz alta sobre os órgãos genitais ao longo da história.

Quando começou a falar sobre Jesus e testículos, ela saiu correndo.

Macacos assustadores:

O namoro online é o lugar perfeito para mentirosos, farsantes e outras pessoas desagradáveis. Há muitas histórias sobre mulheres russas com nomes de guerra e ficha policial atraindo americanos solitários com fotos sensuais e súplicas inocentes.

Não há como identificar o emocionalmente duvidoso, como o sujeito que ficava perguntando por que uma mulher não respondia mais depressa. “Você estava ocupada com seus outros namorados? Você está fazendo alguma coisa com esses outros caras? Aonde ele a leva nos encontros? Ele é mais bonito que eu?” Isso tudo ocorreu nos três dias seguintes ao primeiro e-mail.

Piores ainda são os homens que dizem que estão disponíveis, mas na verdade são casados. Não faltam depravados, previna-se.

Gnomos:

Ssão as pessoas que mentem sobre sua aparência, que enviam fotos de si mesmos da formatura do colégio ou de antes de engordarem; ou exageram sobre a altura, a renda ou as experiências de vida. Você deve imaginar que algumas pessoas que querem namorar tentam apresentar na Internet seu melhor aspecto; é tentador falsificar os detalhes.

Tio Henry:

Um fazendeiro de Iowa de 39 anos manifestou interesse por uma mulher de 41. Espere, na verdade ele tinha 50. Ou melhor 55, e depois 59. Quando se revelou a verdade, ele tinha de fato 64. “Mas eu acho que você deve me conhecer, você vai ver que não pareço minha idade”. Evidentemente.

Moradores de campos de papoula:

Os fumadores de maconha, consumidores de pílulas, alcoólatras passivos-agressivos –como o sujeito que uma mulher namorou durante dois meses e com o qual viajou num cruzeiro, antes de conhecer seus demônios. Ela o chamou de uma combinação de “Mar em Fúria” com “Cabo do Medo”. Se um sujeito se gaba de que pode beber muito antes de desmaiar ou pergunta se você gosta de fumar, fuja.

Nossa intenção ao contar essas histórias é fazer você rir, ou talvez balançar a cabeça incrédula, mas não dissuadi-la. Certamente não vai ser fácil, mas se você conseguir passar da lista de créditos do elenco poderá conhecer alguns homens simpáticos com bons corações. (Nós não os incluímos aqui porque ou são doces lembranças ou atuais namorados. Nada a reclamar.)

Por isso, garotas:

Equeçam as atitudes de Bruxa Má do Oeste e evitem as casas desmoronando, e terão uma chance de chegar à Cidade de Esmeralda e ao homem dos seus sonhos –onde você provavelmente descobrirá que, assim como nós, ele não é perfeito. Mas possivelmente terá um coração carinhoso, um cérebro bem utilizado e a coragem de suas convicções.

E isso basta.

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